Floresta e Ambiente
https://www.floram.org/article/doi/10.1590/2179-8087.057913
Floresta e Ambiente
Original Article Conservation of Nature

Dispersão e Caracterização de Frutos de Myrceugenia euosma em Floresta Ombrófila Mista no Sul do Brasil

Dispersal and Characteristics of Myrceugenia euosma Fruit in Mixed Ombrophilous Forests, Southern Brazil

Costa, Newton Clóvis Freitas da; Stedille, Lilian Iara Bet; Ferreira, Paula Iaschitzki; Gomes, Juliano Pereira; Mantovani, Adelar

Downloads: 0
Views: 1261

Resumo

Este estudo objetivou caracterizar aspectos relacionados à dispersão de propágulos de Myrceugenia euosma (O. Berg) D. Legrand (Myrtaceae) em um fragmento de Floresta Ombrófila Mista em Urupema, SC. Para isso, foram avaliados 29 indivíduos reprodutivos quanto à frequência de visitantes, chuva de propágulos, remoção e caracterização de frutos. Registraram-se 140 visitas de pássaros, sem ocorrência de período preferencial. As espécies com maior frequência de visita e maior consumo de frutos foram Zonotrichia capensis (tico-tico) e Stephanophorus diadematus (cabeça-de-velho), consideradas potenciais dispersoras. A frequência de coletores contendo propágulos de M. euosma diminuiu com o aumento da distância, apresentando comportamento distinto em função do tipo de propágulo avaliado. Também foram verificadas sementes intactas junto às fezes das aves nos coletores. A taxa de remoção de frutos depositados no chão foi de 22%, isso demonstra a relevância desse tema no processo de dispersão das espécies, merecendo atenção na realização de estudos futuros.

Palavras-chave

síndrome de dispersão, remoção de frutos, ornitocoria.

Abstract

This study aimed to characterize aspects related to propagules dispersion of Myrceugenia euosma (Myrtaceae) in a fragment of Mixed Ombrophillous Forest, Urupema, SC. For this, twenty-nine seed tree were evaluated for focal observation of visitors, propagules rain, removal and characterization of fruits. We recorded 140 visits of birds, occurring without preferential visit period. The species with higher visiting frequency and consumption of fruits were Zonotrichia capensis (Rufous-collared Sparrow) and Stephanophorus diadematus (Diademed Tanager), considered as potential dispersers. The frequency of collectors containing M. euosma propagules decreased with increased distance, presenting distinct behavior depending the type of propagule evaluated. We also found intact seeds in bird feces inside the collectors. The removal rate of fruits deposited on the ground was 22%, demonstrating that this is an important topic on the dispersal process and deserves attention in future studies.

Keywords

dispersal syndrome, fruit removal, ornithochory.

References

Alvares CA, Stape JL, Sentelhas PC, Gonçalves JLM, Sparovek G. Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift 2014; 22(6): 711-728. http://dx.doi.org/10.1127/0941-2948/2013/0507.

Athiê S, Dias MM. Frugivoria e dispersão de sementes por aves em Casearia sylvestris Sw. (Salicaceae) na região centro-leste do Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Zoociências 2011; 13(1-3): 79-86.

Athiê S, Dias MM. Frugivoria por aves em um mosaico de Floresta Estacional Semidecidual e reflorestamento misto em Rio Claro, São Paulo, Brasil. Acta Botanica Brasílica 2012; 26(1): 84-93. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-33062012000100010.

Belton W. Aves do Rio Grande do Sul: distribuição e biologia. São Leopoldo: Unisinos; 1994.

Capistrán-Barradas A, Moreno-Casasola P, Defeo O. Post dispersal fruit and seed removal by the crab Gecarcinus lateralis in a coastal forest in Veracruz, México. Biotropica 2006; 38(2): 203-209. http://dx.doi.org/10.1111/j.1744-7429.2006.00116.x.

Cazetta E, Schaefer H, Galetti M. Why are fruits colorful? The relative importance of achromatic and chromatic contrasts for detection by birds. Evolutionary Ecology 2009; 23(2): 233-244. http://dx.doi.org/10.1007/s10682-007-9217-1.

Cazetta E, Schaefer MH, Galetti M. Does attraction to frugivores or defense against pathogens shape fruit pulp composition? Oecologia 2008; 155(2): 277-286. PMid:18043946. http://dx.doi.org/10.1007/s00442-007-0917-6.

Cordeiro N, Howe HF. Forest fragmentation severs mutualism between seed dispersers and an endemic African tree. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America 2003; 100(24): 14052-14056. PMid:14614145. http://dx.doi.org/10.1073/pnas.2331023100.

Côrtes MC, Cazetta E, Staggemeier VG, Galetti M. Linking frugivore activity to early recruitment of a bird dispersed tree, Eugenia umbelliflora (Myrtaceae) in the Atlantic rainforest. Austral Ecology 2009; 34(3): 249-258. http://dx.doi.org/10.1111/j.1442-9993.2009.01926.x.

D’Avila G, Gomes-Jr A, Canary AC, Bugoni L. The role of avian frugivores on germination and potential seed dispersal of the Brazilian Pepper Schinus terebinthifolius. Biota Neotropica 2010; 10(3): 45-51. http://dx.doi.org/10.1590/S1676-06032010000300004.

Develey PF, Endrigo E. Aves da Grande São Paulo, guia de campo. São Paulo: Aves e Fotos Editora; 2004.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de solos. Rio de Janeiro: Centro Nacional de Pesquisas de Solos; 1999.

Faustino TC, Machado CG. Frugivoria por aves em uma área de campo rupestre na Chapada Diamantina, BA. Revista Brasileira de Ornitologia 2006; 4(2): 137-143.

Fleming TH, Breitwisch R, Whitesides GH. Patterns of tropical vertebrate frugivore diversity. Annual Review of Ecology and Systematics 1987; 18(1): 91-109. http://dx.doi.org/10.1146/annurev.es.18.110187.000515.

Forget PM. Post-dispersal predation and scatterhoarding of Dipteryx panamensis (Papilionaceae) seeds by rodents in Panama. Oecologia 1993; 94(2): 255-261. PMid:28314040. http://dx.doi.org/10.1007/BF00341325.

Francisco MR, Galetti M. Frugivoria e dispersão de sementes em Rapanea lancifolia (Myrsinaceae) por aves numa área de cerrado do Estado de São Paulo, sudeste do Brasil. Ararajuba 2001; 9: 13-19.

Francisco MR, Galetti M. Aves como potenciais dispersoras de sementes de Ocotea pulchella Mart. (Lauraceae) numa área de vegetação de cerrado do sudeste brasileiro. Revista Brasileira de Botanica. Brazilian Journal of Botany 2002; 25(1): 11-17. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-84042002000100003.

Frankie GW, Baker HG, Opler PA. Comparative phenological studies of trees in tropical wet and dry forests in the lowlands of Costa Rica. Journal of Ecology 1974; 62(3): 881-913. http://dx.doi.org/10.2307/2258961.

Galetti M, Pizo MA, Morellato LPC. Fenologia, frugivoria e dispersão de sementes. In: Cullen JRL, Rudran R, Valladares-Padua C. Métodos de estudos em biologia da conservação e manejo da vida silvestre. 2. ed. Curitiba: UFPR; 2006.

Galetti M, Pizo MA, Morellato LPC. Diversity of functional traits of fleshy fruits in a species-rich Atlantic rain forest. Biota Neotropica 2011; 11(1): 181-193. http://dx.doi.org/10.1590/S1676-06032011000100019.

Gasperin G, Pizo MA. Passage time of seeds through the guts of frugivorous birds, a first assessment in Brazil. Revista Brasileira de Ornitologia 2012; 20(1): 48-51.

Grelle CEV, Garcia QS. Potential dispersal of Cecropia hololeuca by the commom opossum (Didelphis aurita) in Atlantic Forest, southastern Brazil. Revue ecologie. La Terre et la Vie 1999; 54: 327-332.

Gressler E, Pizo MA, Morellato LPC. Polinização e dispersão de sementes em Myrtaceae do Brasil. Revista Brasileira de Botanica. Brazilian Journal of Botany 2006; 29(4): 509-530. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-84042006000400002.

Guerta RS, Lucon LG, Motta-Junior JC, Vasconcellos LAS, Figueiredo RA. Bird frugivory and seed germination of Myrsine umbellata and Myrsine lancifolia (Myrsinaceae) seeds in a cerrado fragment in southeastern Brazil. Biota Neotropica 2011; 11(4): 59-65. http://dx.doi.org/10.1590/S1676-06032011000400005.

Hansen DM, Galetti M. The forgotten megafauna. Science 2009; 324(5923): 42-43. PMid:19342573. http://dx.doi.org/10.1126/science.1172393.

Harper JL. Population biology of plants. London: Academic Press; 1977.

Howe HF, Estabrook GF. On intraspecific competition for avian dispersers in tropical trees. American Naturalist 1977; 111(981): 817-832. http://dx.doi.org/10.1086/283216.

Howe HF, Miriti MN. When seed dispersal matters. Bioscience 2004; 54(7): 651-660. http://dx.doi.org/10.1641/0006-3568(2004)054[0651:WSDM]2.0.CO;2.

Howe HF, Smallwood J. Ecology of seed dispersal. Annual Review of Ecology and Systematics 1982; 13(1): 201-228. http://dx.doi.org/10.1146/annurev.es.13.110182.001221.

Howe HF. Aspects of variation in a Neotropical seed dispersal system. Vegetation 1993; 107(108): 149-162.

Janson CH. Adaptation of fruit morphology to dispersal agents in a neotropical forest. Science 1983; 219(4581): 187-189. PMid:17841688. http://dx.doi.org/10.1126/science.219.4581.187.

Janzen DH. Herbivories and the number of tree species in tropical forests. American Naturalist 1970; 104(940): 501-528. http://dx.doi.org/10.1086/282687.

Jesus S, Monteiro-Filho ELA. Frugivoria por aves em Schinus terebinthifolius (Anacardiaceae) e Myrsine coriacea (Myrsinaceae). Revista Brasileira de Ornitologia 2007; 15(4): 585-591.

Jordano P, Godoy JA. Frugivore-generated seed shadows: a landscape view of demographic and genetic effects. In: Levey DJ, Silva WR, Galleti M. Seed dispersal and frugivory: ecology, evolution and conservation. New York: CABI Publishing; 2002.

Legrand CD, Klein R. Myrtaceae. In: Reitz P. Flora Ilustrada de Santa Catarina. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues; 1970.

Levey DJ. Seed size and fruit-handling techniques of avian frugivores. American Naturalist 1987; 129(4): 471-485. http://dx.doi.org/10.1086/284652.

Liebsch D. Síndromes de dispersão de diásporos de um fragmento de floresta ombrófila mista em Tijucas do Sul, PR. Revista Acadêmica: Ciência Animal 2007; 5(2):167-175.

Manhães MA. Variação sazonal da dieta e do comportamento alimentar de Traupíneos (Passeriformes: Emberizidae) em Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil. Ararajuba 2003; 11(1): 45-55.

Marcondes-Machado LO. Comportamento alimentar de aves em Miconia rubiginosa (Melastomataceae) em fragmento de Cerrado. Iheringia. Série Zoologia 2002; 92(3): 97-100. http://dx.doi.org/10.1590/S0073-47212002000300010.

Martins-Ramos D, Chaves CL, Bortoluzzi RLC, Mantovani A. Florística de Floresta Ombrófila Mista Altomontana e de Campos em Urupema, Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Biociências 2011; 9(2): 156-166.

Mauhs J, Backes A. Estrutura fitossociológica e regeneração natural de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista exposto a perturbações antrópicas. Pesquisas Botânica 2002; 52(4): 89-109.

Melo GL, Penatti NC, Raizer J. Fruit of contrasting colour is more detectable by frugivores. Journal of Tropical Ecology 2011; 27(3): 319-322. http://dx.doi.org/10.1017/S0266467410000775.

Moermond TC, Denslow JS. Neotropical avian frugivores: patterns of behavior, morphology and nutrition, with consequences for fruit selection. Ornithological Monographis 1985; 36(36): 865-897. http://dx.doi.org/10.2307/40168322.

Montaldo NH. Aves frugívoras de un relicto de selva subtropical ribereña en Argentina: manipulación de frutos y destino de las semillas. El Hornero 2005; 20(2): 163-172.

Pascotto MC. Rapanea ferruginea (Ruiz & Pav.) Mez. (Myrsinaceae) como uma importante fonte alimentar para as aves em uma mata de galeria no interior do estado de São Paulo. Revista Brasileira de Zoologia 2007; 24(3): 735-774. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-81752007000300026.

Pizo MA. Padrão de deposição de sementes e sobrevivência de sementes e plântulas de duas espécies de Myrtaceae na Mata Atlântica. Revista Brasileira de Botanica 2003; 26(3): 371-377. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-84042003000300010.

Pizo MA. Frugivory and habitat use by fruit-eating birds in a fragmented landscape of southeastern Brazil. Ornitologia Neotropical 2004; 15: 117-126.

Saravy FP, Freitas PJ, Lage MA, Leite SJ, Braga LF, Sousa MP. Síndrome de dispersão em estratos arbóreos em um fragmento de Floresta Ombrófila Aberta e Densa em Alta Floresta- MT. Alta Floresta 2006; 2(1): 1-12.

Sazima I, Sazima M. Petiscos florais: pétalas de Acca sellowiana (Myrtaceae) como fonte alimentar para aves em área urbana no Sul do Brasil. Biota Neotropica 2007; 7(2): 307-312. http://dx.doi.org/10.1590/S1676-06032007000200035.

Schupp EW. Quantity, quality and the effectiveness of seed dispersal. Vegetatio 1993; 107(1): 15-29.

Sick H. Ornitologia Brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

Silva JCB, Cândido JF Jr, Vogel HF, Campos JB. Dispersão por aves de Psidium guajava L. (Myrtaceae) em ambiente ripário na bacia do rio Paraná, Brasil. Semina. Ciências Biológicas e da Saúde 2013; 34(2): 195-204. http://dx.doi.org/10.5433/1679-0367.2013v34n2p195.

Silva JMC, Tabarelli M. Tree species impoverishment and the future flora of the Atlantic forest of northeast Brazil. Nature 2000; 404(6773): 72-74. PMid:10716443. http://dx.doi.org/10.1038/35003563.

Snow DW. A possible selective factor in the evolution of fruiting seasons in tropical forest. Oikos 1965; 15(2): 274-281. http://dx.doi.org/10.2307/3565124.

Sobral M. A família Myrtaceae no Rio Grande do Sul. São Leopoldo: Ed. Unisinos; 2003.

Sonego R, Backes A, Souza A. Descrição da estrutura de uma Floresta Ombrófila Mista, RS, Brasil, utilizando estimadores não-paramétricos de riqueza e rarefação de amostras. Acta Botanica Brasílica 2007; 21(4): 943-955. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-33062007000400019.

Swamy V, Terborgh J, Dexter KG, Best BD, Alvarez P, Cornejo F. Are all seeds equal? Spatially explicit comparisons of seed fall and sapling recruitment in tropical forest. Ecology Letters 2011; 14(2): 195-201. PMid:21176051. http://dx.doi.org/10.1111/j.1461-0248.2010.01571.x.

Terborgh J. Community aspects of frugivory in tropical Forest. In: Estrada A, Fleming TH. Frugivores and seed dispersal. Dordrech: Dr. W. Junk Publishers; 1986.

Zar JH. Biostatistical analysis. 2. ed. New Jersey: Prentice-Hall; 1984.
 

5a7053260e8825ba12f8b080 floram Articles
Links & Downloads

FLORAM

Share this page
Page Sections